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Tarifas Americanas: a tempestade perfeita e a agilidade das PME portuguesas
Numa economia global cada vez mais interligada, onde decisões políticas além-fronteiras podem abalar a estabilidade local, a recente imposição de novas tarifas comerciais pelos Estados Unidos veio relembrar às Pequenas e Médias Empresas portuguesas que o mundo não para e que quem não se adapta, fica para trás.
Portugal e os Estados Unidos: uma relação em risco
Os Estados Unidos continuam a ser o principal parceiro extracomunitário de Portugal. Em 2023, as exportações de bens para este mercado representaram cerca de 2% do nosso PIB, e os serviços atingiram 1,8%. Embora a maioria das exportações esteja sujeita a tarifas reduzidas (entre 0% e 2%), uma fatia de 6% enfrenta já tarifas superiores a 10%, atingindo setores estratégicos como os têxteis, bebidas, couro, minerais não metálicos e eletrónica.
Os números falam por si: em alguns destes setores, mais de 70% das exportações destinam-se aos EUA. A consequência? Uma vulnerabilidade direta a medidas protecionistas, que colocam em causa a sustentabilidade de modelos de negócio centrados num único mercado.
Entre a margem e a marginalização
A imposição de novas tarifas traduz-se inevitavelmente num aumento de preços para o consumidor americano e, por consequência, numa retração da procura. Para as empresas portuguesas, a primeira resposta é frequentemente a mais difícil: sacrificar margens para manter competitividade.
Outras estratégias, como a instalação de capacidade produtiva em solo americano, estão apenas ao alcance de multinacionais e implicam riscos elevados, não só pela alteração da estrutura de custos, mas também pela perda de vantagens competitivas que decorrem da especialização nacional.
Mais preocupantes, porém, são os efeitos indiretos. A disrupção nas cadeias de abastecimento, a volatilidade nos custos de produção e a pressão da concorrência em mercados paralelos criam um nevoeiro espesso que tolda a previsibilidade e dificulta o planeamento estratégico.
A força das ferramentas ao nosso alcance
Apesar do cenário desafiante, as PME portuguesas não estão desarmadas. Pelo contrário: há instrumentos ao dispor que continuam subaproveitados. O caso do SIFIDE – Sistema de Incentivos Fiscais à Investigação e Desenvolvimento Empresarial – é paradigmático. Este benefício fiscal pode permitir que empresas com atividade em I&D reduzam a sua taxa efetiva de IRC até 5%. No entanto, desde 2006, apenas 0,62% das empresas o utilizaram.
É uma estatística que não espelha desinteresse, mas antes um problema estrutural de falta de literacia e de aproximação entre os incentivos e o tecido empresarial. A informação não chega, a linguagem afasta, e os mecanismos não se traduzem em ação concreta.
Outro exemplo é o SICE – Internacionalização das PME, no âmbito do Portugal 2030. Com apoios até 40% a fundo perdido, este instrumento permite às empresas expandirem-se para novos mercados e diluírem o risco associado à concentração geográfica das exportações.
Do tamanho à ambição
Não é a dimensão de Portugal que limita a sua projeção internacional, mas sim a ambição – ou a falta dela. As PME portuguesas têm provado, década após década, uma capacidade de adaptação notável. A abertura da economia portuguesa aumentou mais de 37% entre 2004 e 2024, e o ganho de quota de mercado em exportações foi de 28,2% em termos reais.
Esta trajetória, construída com esforço e engenho, não pode ser posta em causa por mudanças externas. Exige uma reação proactiva. Exige mais do que a sobrevivência – exige planeamento, inovação e acesso a ferramentas que já existem e fazem a diferença.
A hora de fazer das PME Grandes Empresas
O momento é de escolha. Podemos resignar-nos ao impacto das tarifas ou podemos vê-las como o alerta que nos obriga a transformar o nosso posicionamento. A chave está em deixar de depender exclusivamente das condições externas e passar a investir com estratégia.
Fazer das PME grandes empresas não é um slogan. É um desígnio que implica trazer conhecimento, incentivos e ambição para o centro da mesa de decisão. As oportunidades existem. Agora, falta apenas a coragem para as agarrar.
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